Há
muito tempo, esta história foi narrada por um caixeiro-viajante; e, na
época, tido como verídica. Entrou para a oralidade popular e, hoje, já é
ouvida em diferentes localidades do Brasil. Vou recontá-la, porém nas
minhas letras.
Quando
eu era viajante, tinha sempre de andar a cavalo (não havia estradas de
automóveis e, portanto, sequer autos de aluguel ou ônibus) e levava
sempre em minha companhia um guia.
Entre
os muitos que tive, havia um, muito curioso e perguntador, que tinha
por costume de me dar o tratamento (aliás, indevido) de doutor. Cansei
de adverti-lo que não era doutor, mas o homenzinho não se consertava. De
momento a momento estava ele a dizer-me: seu doutor pra aqui, seu
doutor pra acolá.
Certa
vez viajávamos num município distante. Íamos silenciosos pela estrada
fora. O dia estava lindo e o céu azul com muitas nuvens que se moviam
preguiçosas.
De repente pergunta-me o guia:
— Por que será, seu doutor, que as nuvens não têm sossego e andam sempre de um lado para outro?
Sorri, e lhe respondi:
—
Ora essa! Pois você não sabe que as nuvens são, como os homens,
ambiciosas e invejosas e procuram tomar o lugar uma das outras, pensando
ser, o lugar das outras, melhores que os delas?
— Lá isso é verdade seu doutor. Bem diz o ditado: “A galinha do vizinho é sempre mais gorda do que a minha”.
— Pois então?
— Tá certo! ®Sérgio.
Ricardo Sérgio
Nenhum comentário:
Postar um comentário